quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Substantivos coletivos e partitivos

Os substantivos dividem-se em: concretos, abstratos, comuns, próprios, primitivos, derivados, simples, compostos, coletivos e partitivos.

Aqui falaremos sobre os dois últimos citados.

Tanto os substantivos coletivos quanto os partitivos têm em comum a referência à quantidade dos seres. Os coletivos têm esse nome por se referirem aos seres considerados em conjunto e se chamam partitivos os que denotam as partes em que se divide a matéria ou um todo.

Os substantivos coletivos indicam, normalmente, um conjunto de seres da mesma espécie, como biblioteca (de livros), cardume (de peixes), molho (de chaves). Os substantivos partitivos podem indicar medidas exatas (metro, quilo, litro, hectare, etc.) ou inexatas (porção, punhado, fatia, etc.) e se empregam seguidos da preposição de e um substantivo que referencia a massa/matéria (ex.: oito metros de pano, um quilo de feijão, uma fatia de queijo).

Por indicarem coisas que são capazes de ‘conter’ outras, muitos outros substantivos são empregados igualmente aos partitivos, com a finalidade de indicar medidas (ex.: uma de terra, uma jarra de suco, duas xícaras de leite).

Abaixo temos uma lista de substantivos e seus coletivos. É interessante analisá-los.



Alcateia

De lobos

Arquipélago

De ilhas

Bando

De aves, de ciganos, de malfeitores

Cáfila

De camelos

Cancioneiro

Conjunto de canções, de poesias líricas

Cardume

De peixes

Chusma

De gente, de pessoas

Corja

De vadios, de tratantes, de velhacos, de ladrões

Elenco

De Atores

Feixe

De lenha, de capim

Girândola

De foguetes

Junta

De bois, de médicos, de credores, de examinadores

Magote

De pessoas, de coisas

Manada

De bois, de búfalos, de elefantes

Molho

De chaves, de verdura

Ninhada

De pintos

Quadrilha

De ladrões, de bandidos

Ramalhete

De flores

Récua

De bestas de carga

Roda

De pessoas

Talha

De lenha

Vara

De porcos

Armento

De gado grande: bois, búfalos

Atilho

De espigas

Banda

De músicos

Cacho

(de bananas, de uvas)

Caravana

De viajantes, de peregrinos, de estudantes

Constelação

De estrelas

Coro

De anjos, de cantores

Falange

De soldados, de anjos

Frota

De navios mercantes, de autocarros

Legião

De soldados, de demônios

Malta

De desordeiros

Matilha

De cães de caça

Multidão

De pessoas

Romanceiro

De poesias narrativas

Rebanho

De ovelhas

Réstia

De cebolas, de alhos

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ditongo

Na edição nº 40, foram citadas algumas novas regras do novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa. Hoje, voltaremos no assunto, para falar sobre os ditongos.

Quase todas as regras dos ditongos foram mantidas e vale a pena relembrá-las:

· Os ditongos tônicos ou átonos, escrevem-se ai, au, eu, ei, iu, oi, ou, ui: mausoléu, correu, floriu, açoite, uivo, etc;

· Os verbos terminados em –uir mantêm a letra i nas 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo, e na 2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo: possui, possuis. Portanto, esse ditongo é grafado ui também nos substantivos (Rui). Padroniza-se assim, o uso do i neste ditongo (ui) e nos ditongos paralelos ai e ói, como nos verbos terminados em –air e –oer (atrai, mói);

· Em palavras originadas do latim, a união de um u a um i átono sempre é representada por ui: flui, gratuito. Entretanto, essa mesma sequência de letras pode representar um hiato e as vogais u e i são pronunciadas separado: fluidez, gratuidade;

· Além dos ditongos orais decrescentes, podem representar ditongos orais crescentes as sequências vocálicas pós-tônicas ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áurea, óleo, calúnia, mágoa, míngua, etc;

· Os ditongos nasais podem ser representados por vogal com til e semivogais: -ãe (oxítonos e derivados), -ãi (paroxítonos e derivados), -ão e –õe: pãezinhos, sótão, melões;

A única regra alterada foi a seguinte: os ditongos abertos éi, éu, ói são grafados com acento agudo apenas quando em sílaba final (herói, chapéu), nos monossílados tônicos (léu, dói) e quando ocorrem na sílaba tônica das palavras proparoxítonas (aracnóideo).

Não mais se assinala o timbre aberto desses ditongos éi, ói em outras posições: jiboia, heroico.


Obs.: Excepcionalmente, grafa-se ae (= âi ou ai) nos antropônimos, como por exemplo em Caetano e seus derivados compostos.

Da mesma forma, grafa-se ao (=âu ou au) nas combinações da preposição a com as formas masculinas do artigo ou pronome demonstrativo: ao, aos.


Extraído de: AZEREDO, J. C. Escrevendo pela nova ortografia – como usar as regras do novo acordo ortográfico da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008, p. 32-33.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A Nova Ortografia

A maioria das pessoas já ouviu falar sobre o “novo Acordo Ortográfico”. Mas o que vem a ser isso?

Seria simplesmente um acordo para unificar os povos falantes da língua portuguesa. Há quem discorde dessa ideia, já que a cultura, a política, e as influências na sociedade de cada país são diferentes. Um acordo que prioriza a unificação da escrita não é a melhor coisa a se fazer, mas isso já é outra discussão que foge das tais regras (que também geraram, geram e gerarão confusões na nossa cabeça).

Firmado entre Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Brasil, o novo Acordo Ortográfico já vale para documentos oficiais e para a mídia. Em 2010 começará a ser implantado no ensino público, sendo obrigatório o seu uso a partir de 2012.

Portugal realizou a sua reforma em 1911, mas o entendimento do país com o Brasil em relação a uma ortografia unificada só começou a existir em 1924 e culminou em 1931, com a adoção, pelo Brasil, da ortografia simplificada. Porém, essa norma ortográfica que entra em vigor agora é a que foi aprovada pela Academia Brasileira de Letras, em 1943.

Parando com a história e indo ao que realmente interessa, vamos às novas regras (elas são muitas, mas somente três serão destacadas):

- O alfabeto da língua portuguesa foi alterado. Antes tinha 23 letras e passa a ter 26 letras, com a inclusão de k,w e y;

- O trema é totalmente eliminado das palavras portuguesas ou aportuguesadas, mas continua sendo usado em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros com trema (Muller, por exemplo);

- Emprega-se o hífen quando:

a) Em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares;

b) São escritas aglutinadamente (juntas) palavras em que o falante contemporâneo perdeu a noção de composição: paraquedas, mandachuva;

c) palavras iniciadas por grã e grão: grão-pará

iniciados em verbo: passa-quatro

cujos elementos estejam ligados por artigo: Baía de Todos-os-Santos

Obs.: Os demais nomes próprios de lugares ou acidentes geográficos compostos são escritos separados e sem hífen: Cabo Verde (exceções: Guiné-Bissau e Timor-Leste);

d) São palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas: couve-flor, bem-te-vi;

e) Para ligar duas ou mais palavras que combinam, formando encadeamento vocabular: ponte Rio-Niterói;

f) Em formações por prefixação, recomposição e sufixação.

A gente vamos?

Numa conversa informal, se alguém fizesse essa pergunta, muitos responderiam: “com um erro desse, nós não vamos sair do lugar.”

Existe uma grande incógnita em relação à tal questão. Dizer que a gente vamos é correto? Não seria melhor trocar o a gente por nós ou o vamos por vai? Tudo isso é menos complicado do que parece.

De acordo com o dicionário Houaiss da língua portuguesa, o substantivo feminino “gente” significa, entre outras coisas, multidão de pessoas, povo, os habitantes de uma região, país. Como podemos perceber, o substantivo por si só já adquire caráter de público, apesar de ser singular. Um exemplo é: “A gente vai sair mais tarde.” O verbo seria flexionado no plural se o substantivo gente também estivesse no plural.

Devemos lembrar também que apesar da composição “a gente vai” estar correta, ela representa a estrutura cotidiana da nossa língua falada, podendo assim ser utilizada tranquilamente em bate-papos informais ou em conversas de valor irrelevante.

“A gente” e “nós” representam o plural da primeira pessoa do singular (eu). Tanto uma quanto a outra podem ser utilizadas se forem adequadamente analisadas quando postas nas frases. Fazer a inversão e dizer “a gente vamos” ao invés de “nós vamos” é inadequado, mas não podemos considerar incorreto, ressaltando que isso se aplica à língua falada.

Até pouco tempo atrás, decorar e saber empregar bem as regras complicadas do português, falar “difícil”, entre outras coisas, era para quem “sabia” o corretamente a língua padrão. Hoje, no mundo globalizado, em que é pregado – pelo menos teoricamente – o respeito entre à diversidade e o combate ao preconceito linguístico, já é diferente o pensamento do falante em relação ao certo e ao errado. A questão hoje não é falar dessa ou daquela maneira, e sim conhecer as formas da fala e da escrita e qual português usar nas diversas situações de comunicação.